sábado, 24 de janeiro de 2009

Conselho + Volta às origens

Há uma grande (figurativa e literalmente) série de livros de ficção científica chamada Duna.
Caso você ainda não tenha lido, é bem provável que continuará sem ler, pois além de ser raros, a leitura é relativamente pesada e um pouco cansativa.
Mas bem, em Duna (que é bom para caramba, se você tiver a chance de ler levante o rabo da cadeira e vai ler agora) um certo personagem diz a seguinte frase para o povo:
"Abandonem a certeza"
Nunca vi conselho mais útil.

Quinta feira passada abandonei a certeza (contra a minha vontade) e fui para Praia Seca com a família. Uma das melhores viagens que já fiz, aprendi muita coisa, fiz windsurf, conheci muita gente...
Abandonei a certeza.
Claro, é difícil abandonar nossas rotinas. Acabar por um momento com a coisa que nos identifica e subitamente tomar uma atitude que não é do seu feitio. Mas é bom, e útil.
A mudança nos faz nos adaptarmos, conhecer coisas novas e adquirir experiência, e tudo isso sempre ajudou qualquer espécie a sobreviver. Porque não te ajudaria?

Bom, além disso não tenho mais nada para contar.
Ah é, zerei Shenmue, para Dreamcast.
Que decepção. O Primeiro CD do jogo é ridiculamente pequeno, o segundo é até legal, e o terceiro te faz repetir o mesmo dia cinco vezes, fazendo o mesmo minigame chato de corrida com empilhadeiras e o trabalho de carregar caixas, até você encher o saco e passar a cagar para o seu trabalho, até porque o dinheiro que você está ganhando não te servirá de nada já que o jogo acaba em breve.
Fora isso, é um bom jogo. E com certeza foi à frente de seu tempo, com uma trilha sonora orquestrada (a música principal pelo menos), vozes para todos os personagens, até os NPCs genéricos (que era algo que os jogos não tinham até então) e os melhores gráficos do Dreamcast na opinião de muitos.

Até mais

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Passage

Estava rejogando um jogo aqui na falta do que fazer...
Passage.

É um jogo que prova que realmente videogame pode ser considerado um tipo de arte. Ele dura exatamente 5 minutos todas as vezes que você joga.

Dêem uma olhada se tiverem tempo, e apenas depois de terem jogado completamente uma vez, leiam o resto do post.

http://hcsoftware.sourceforge.net/passage/




Agora, meus comentários sobre o jogo:
Eu não percebi o que estava fazendo em Passage até ler um review do jogo. Quando joguei da primeira vez pensei: "Caramba. Tinham vários baús no caminho e eu não consegui pegar nenhum. Se tem alguma pontuação nesse jogo, com certeza me dei mal!"
Eu sou assim. Não consigo perceber certas coisas mesmo que sejam jogadas na minha cara.
Aí li um review do jogo.
Você que jogou, percebeu o que é Passage?
Você começa como um garoto solitário. Enquanto anda para frente na sua vida, consegue enxergar mais ou menos o que vem pela frente, mas é bastante difícil identificar o que está do seu lado. Durante o caminho que você está seguindo, você encontra uma garota. Pode escolher juntar-se a ela, o que fará com que tenha alguém para te acompanhar, ou simplesmente ignorá-la. Te dará mais mobilidade se você seguir seu caminho sozinho.
No meio do caminho existem vários obstáculos e alguns baús que você pode escolher pegar ou não. A maioria requerem que você avance, e depois retroceda um pouco, com calma, para ganhar sua recompensa.
Nos momentos finais do jogo, a sua parceira, se você escolheu levá-la, transforma-se em um crucifixo de pedra, e certo tempo depois, você também.
Durante o tempo que você jogou, seu cabelo escureceu e depois caiu. Você cresceu, e depois ficou um pouco encurvado. O mesmo aconteceu com sua parceira se você levou-a consigo.
Passage é uma grande metáfora da vida, representada não como um livro, ou um quadro, ou um filme, formas de arte não-interativas.
Passage é um videogame, e é isso mesmo. Mas não quer ganhar notas altas de sites por ter um ótimo gráfico ou trilha sonora impecável, ou até mesmo boa jogabilidade. Ele quer como toda forma de arte passar uma mensagem, e na minha opinião, passou muito bem.

Da primeira vez que joguei Passage eu não curti muito. Quando joguei dessa vez, sabendo o que estava fazendo, segui meu caminho, pensei duramente em cada momento se seguia para frente, ou para baixo, se gastava meu tempo pegando um baú ou não, se ficava sozinho ou com minha parceira. Nos momentos finais do jogo, quando minha parceira "morreu", eu me dei conta de que o personagem que eu estava controlando estava velho. Eu fiquei triste, e pensei: "Será que eu peguei todos os baús que podia? Será que eu avancei o suficiente? Porquê minha parceira morreu antes de mim?". Sem pressa, continuei avançando, peguei mais dois baús, e finalmente, meu personagem tornou-se um pequeno crucifixo de pedra.
Eu sinceramente senti vontade de chorar. Pensei no meu avô que morreu ano passado. Será que ele morreu satisfeito com o quê alcançou? Será que ele morreu satisfeito comigo, um de seus herdeiros? Será que dar continuidade a sua família, ter filhos e netos, me satisfará?
Quando penso na minha vida agora, eu sei que um dia morrerei, mas eu certamente não quero morrer agora. Ainda tem muita coisa que eu quero fazer, muitos abraços, muitas risadas, muitos momentos de tristeza.
E essa tristeza que Passage me proporcionou não é ruim não. É ótima. Por mais que sinta vontade de chorar, eu não choro, pois sei que não é infelicidade o que eu estou sentido. Eu apenas estou pensando como seria ruim se eu não fosse quem sou, se não fosse da família na qual nasci, se não tivesse os amigos que tenho hoje.

Tomara que você tenha refletido tanto quanto eu ao jogar Passage. Aliás, tomara que você tenha jogado.
Eu vou voltar a tocar meu violão. Ainda tem muita coisa pra eu fazer enquanto estou vivo, e eu não tenho pressa.
Grande abraço.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Procurando um assunto interessante para mim

Acho que todo mundo passa por uma fase na vida em que olha estranho pra humanidade, ou pros seres humanos. Pelos mais variados motivos, podemos pensar: "Porquê esses imbecis inferiores à muitas outras raças existentes no planeta se deram bem?" ou "Eu odeio a humanidade, ela destrói o mundo. O ser humano é egoísta!" e etc.

Eu mesmo já passei por uma fase assim. Durou pouquíssimo tempo, mas passei.
E agora, a raça que eu mais admiro no mundo real são os seres humanos.
Como alguém consegue misturar tão bem todos os aspectos de todas as coisas? Como alguma coisa viva consegue ser ao mesmo tempo egoísta e altruísta? Ser adaptável, e tradicional?
A humanidade consegue, e eu acho isso fascinante.

Como nós adolescentes conseguimos nos interessar muito mais por pessoas sem falhas, e ficarmos com raiva quando nos julgam pelas nossas? Como nós odiamos coisas sem motivo às vezes, e ao mesmo tempo protegemos, amamos e defendemos outras sem os mesmos motivos?

Mas eu adoro pensar como nós somos ao mesmo tempo os seres mais cruéis, os mais bondosos, os mais críticos, os mais compreensíveis, os mais odiosos e os mais amáveis, e principalmente, os mais realistas e os mais românticos.

E vocês? (Se existirem) Pensam como eu?

É. Viva nós.