quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Entender o mar

Eu gosto de nadar no mar.
Gosto mesmo. Sempre que posso, boto meu short e pulo na água. Passo muito tempo nadando, curtindo a sensação gelada e confortante que a água passa. Sentindo o cheiro e o gosto do sal. Mergulho, e esqueço da vida. Poucas coisas são tão boas do que aproveitar o mar, despreocupado.

Mas o mar nem sempre colabora com meu descanso, e eu nem sempre estou atento.

De vez em quando, eu acabo esquecendo tanto da vida, que esqueço até que não mando no mar. E quando ele começa a curtir suas ondas mais fortes inocentemente, eu já não lembro mais que não controlo essas ondas.
Claro, é ruim nadar quando as ondas estão muito altas e a correnteza muito forte. Quando isso acontece, o certo a se fazer é sair do mar e esperar ele se acalmar. O mar não vai sair de onde está, e eu sempre poderei voltar mais tarde.
Mas como eu disse, de vez em quando eu esqueço de tudo. Me parece que ele, com suas ondas e correnteza, está favorecendo outros apreciadores, como surfistas. E como me sinto mal com as ondas, vou de encontro a elas. Bato com elas de frente, esperando estilhaçá-las.

Esqueço até que não importa a força que eu tenha, ondas são naturais. Não se pode impedi-las. E mesmo sem ter isso como objetivo, elas acabam batendo com tanta força, que me levam de volta à areia. E para mim, parece que o mar está querendo que eu vá embora.

Mas não é isso. Eu acabo tendo que me desanimar na maioria das vezes e voltar para casa para ver que ele não estava pedindo que eu fosse embora. Estava só sendo como é, o que eu teria visto se tivesse mais calma. O grande problema é que o mar não tem como me comprovar que ainda me espera. Eu tenho que confiar nele e esperar a calmaria chegar.

A essa altura, eu já deixei de esquecer de tudo. Já lembro como as coisas funcionam, e que o mar não pode se mover.
Mas eu juro: quando percebo que fui embora só porque não entendi o que ele estava fazendo, eu fico com medo de dia seguinte o mar não estar mais lá.